Anjos também sangram?

Respiração lenta e intensa
O cheiro forte continua na minha pele
Fazendo lembrar que anjos também sangram
Por suas perfeições que não se adequam
Pelo lamentar sempre antecipado
Pelo vazio que resume a coisa alguma a minha existência.
A minha patética existência.
Na tentativa de persistir ao lado de quem me fere
Com artimanhas e delicadezas a parte
Por que carnal não se adequa a um anjo.

Então a primeira mentira é contada
E posso sentir queimar dentro de mim
Com um gesto tão simplório e um adeus tão sutil
Que passa despercebido a olhos inocentes
Eis o primeiro pecado de um anjo agora caído
Junto a promessas que nunca serão cumpridas.

Vejo subir os créditos daquilo que ainda estava por vir.
O silêncio e atmosfera que se cria ao redor
A frustração que dilacera a cada segundo
A vergonha que esconde o choro entre páginas e lençóis
Não existe mais dignidade
E as cores já não importam se não me reconheço
Olhos fechados e um desejo secreto
Que se desfaz na lembrança amarga
Daquilo que pôs tudo a perder.