quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Acordou se sentindo estranha, tomou um café amargo feito as pressas e teve a impressão de que sua xícara, cor de sangue, comprada numa viajem que fizera a uma cidadezinha qualquer, hoje havia se tornado menos vermelha. Andou de um lado para o outro. Fumou o último cigarro da carteira amassada.
-Merda! Preciso sair daqui!
E num momento súbito de coragem, saiu pelas ruas
Determinada a fazer algo grande, algo que fizesse valer a pena seu emprego e vida medíocre.
-Não! Eu não consigo! Não pertenço mais a esse lugar! Eu não sou de lugar nenhum.
Começou então a se lembrar de quando tinha uma vida, pouco antes do seu marido deixá-la, pensou e lembrou de todos os momentos felizes, e isso definitivamente a deixou com raiva!
-Aquele escroto destruiu a minha vida!
Involuntariamente, se pôs a caminhar. Caminhou em direção a casa dele.
-Preciso parar de fumar! ... Ou não! Quem se importa?!
Continuou caminhando. Parou em uma banca velha e compro cigarros. Viu as noticias dos jornais e ficou um pouco triste.
Ela parecia estar em transe, sua aparência se tornara doentia. Tinha o olhar perdido, de quem nem se quer estava ali.
Chegou ao seu destino. Olhou para a porta extremamente vermelha e achou ter descoberto para onde foi o vermelho de sua xícara.
Parou, respirou fundo, tinha as mãos tremulas e lentamente tirou uma arma de uma bolsa negra.
Deu uma última olhada.
-Eu pensei ter sido feliz junto de ti mas hoje percebo que tudo que fizeste foi me tirar a vida! sugaste toda e qualquer alegria. Ficaste com tudo pra ti e deixaste-me miserável. Mas agora, aqui nesse instante, eu tomo posse, novamente, da minha própria vida.
...
E o sangue escorreu, ainda quente, por todo lugar.

2 comentários:

I. disse...

nada como vir aqui e alimentar os peixes

Samuel Bendix disse...

Been there.